O cenário hoje é absolutamente diferente daquele que levou a SEGA à falência. Além disso, a Nintendo está com as burras cheias de dinheiro vindo do grande sucesso obtido com o Wii e com o DS. Entretanto, há outros problemas para serem enfrentados hoje que não existiam em tempos passados.
Com o Wii, a Nintendo nadou num oceano azul sem ninguém para ameaçá-la. Mas isso teve um preço: a divisão dos jogadores entre casuais e hardcores. Na verdade, não sei se houve mesmo uma divisão. A Nintendo pegou um nicho de jogadores que praticamente não existia e trouxe para o Wii. São jogadores mais condizentes com o estágio atual da evolução econômica, onde as pessoas não tem mais tanto tempo livre e procuram entretenimento mais imediato e de curto prazo. Esse novo jogador dificilmente seria alguém que iria gastar 50 horas para jogar um RPG ou se dedicaria o suficiente para pegar todas as estrelas jogando com o Luigi em Mario Galaxy. Por isso que eu acho que não foi uma divisão dos jogadores. Os gamers mais antigos hoje são chamados de hardcore e essa nova classe de pessoas que a Nintendo transformou em gamers são chamados de casuais.
Eu mesmo tem vezes que quero jogar alguma coisa mais não estou com paciência para algo complexo como um Zelda ou um Final Fantasy. Tem dias que só uma partida de Wario Ware ou Rock Band já me satisfaz (aliás, é interessante o modo como jogos puramente casuais como Rock Band ou os games de futebol não são classificados assim. Certamente porque uma parcela dos gamers começou a encarar o termo "casual" como ofensivo e nunca classificariam seus jogos favoritos dessa maneira). Basicamente, um gamer "casual" dificilmente vai se divertir com um Final Fantasy mas é perfeitamente possível um gamer “hardcore” se divertir jogando Mario Party ou Just Dance (odeio Just Dance com toda força da minha alma por o game sugerir que você deva repetir os movimentos apresentados pelos dançarinos mesmo o Wii Remote não sendo capaz de captar metade daquilo, mas vocês me entenderam, né?)
O problema todo é que uma boa parcela dos gamers hardcore tomaram uma certa aversão aos jogos casuais que os faz repelirem todo o conteúdo relacionado à esse mercado. Não é nenhuma novidade que esse grupo é majoritariamente masculino e de uma faixa etária entre 15 e 30 anos. Por uma questão de auto afirmação da identidade de grupo, os jogos casuais foram associados como coisa de meninas, vovozinhas ou homossexuais. Isso tudo é só uma clássica manifestação de insegurança e da busca da legitimação própria com o sentimento de pertencer à um determinado grupo. Nada diferente da maioria das religiões ou “tribos urbanas” que conhecemos.
O problema da Nintendo é ter buscado tanto o tal público casual que o Wii ficou com um pesado estigma de console casual. O que faz com que o público hardcore tenha grandes problemas com a Nintendo atualmente. Dificilmente consigo imaginar um membro desse grupo optando por um console Nintendo. Manter a marca “Wii” no novo console certamente não ajudará com esse problema também. Obviamente manter o nome de um console que vendeu milhões e milhões de unidades tem os seus benefícios no marketing, mas certamente é uma barreira psicológica dentre os hardcores mais fechados. Mas agora a Nintendo está de braços abertos para as thirds e para o mercado hardcore. Será que as feridas abertas com o Wii poderão ser fechadas?
De fato, a Nintendo tá numa posição interessante agora. Os grandes atrativos do Wii sempre foram sua tecnologia inovadora de sensores de movimento, a sua grande biblioteca de jogos acessíveis para todos (que os haters adoram chamar de "casuais" como se fosse uma ofensa) e as franquias exclusivas da Nintendo. Agora, o Wii U pode oferecer os tais gráficos em alta resolução que os concorrentes oferecem, os títulos das thirds que ficaram faltando no Wii (e eram o segundo principal fator de repulsa de certa parcela do público em relação ao Wii só perdendo para os gráficos defasados), a inovação tecnológica que o novo controle representa e todas as franquias de sucesso e qualidade inquestionáveis da Nintendo (não só os personagens são sucesso, como os seus games são sempre de qualidade impecável. Ou será que algum hater aqui consegue levantar um único game das séries Zelda, Mario e Metroid, por exemplo, que seja realmente ruim ou mal feito?)
O que eu gostaria de saber é qual será o próximo passo de Sony e Microsoft. Será que vão partir para o desenvolvimento de consoles com potenciais gráficos ainda mais elevados fazendo com que a comparação dos sucessores de PS3 e X360 com o Wii U pareça a que temos hoje entre eles e o Wii? Diversos desenvolvedores já manifestaram o descontentamento com esse paradigma da evolução tecnológica nos consoles (algo que o Iwata já estava questionando desde antes do lançamento do Wii). O investimento na produção teve de aumentar muito desde o advento dos consoles HD e a lucratividade desses games não seguiu o mesmo passo. Será que investir em consoles ainda mais potentes é algo prudente?
Num universo parecido com o que temos hoje, com o Wii U enfrentando concorrentes muito superiores em suas capacidades gráficas e muito parecidos entre si será que teríamos o mesmo cenário que temos hoje? Particularmente, duvido. Partir numa nova corrida de quem tem os gráficos mais perfeitos não me parece uma tendência infinita. No atual cenário, acredito que a evolução tecnológica se dará de forma mais lenta do que ocorreu antes. O porque disso eu atribuo ao crescimento exagerado dos custos de produção. Se hoje já temos algumas softhouses reclamando, imaginem na próxima geração. Somem isso aos novos participantes desse mercado: os dispositivos móveis e temos uma mudança de paradigma.
Antigamente nós tinhamos os consoles de mesa com os seus grandes jogos, os portáteis com jogos mais simples e os telefones com o jogo da cobrinha. A modernização do mercado de smatphones e o surgimento dos tablets (um conceito que a Sony já tinha criado anos antes de Steve Jobs mas que a empresa não levou adiante) gerou uma pulverização dos jogadores e criou um nicho de desenvolvedores independentes com produtos muito baratos e extremamente lucrativos. Essa alta lucratividade dos mobiles vai, mais cedo ou mais tarde, acabar conquistando a simpatia das grandes desenvolvedoras que estão amargando quedas nos lucros nos seus produtos para os consoles de mesa.
Acredito que na próxima geração de consoles terá sucesso aquele que conseguir equilibrar melhor inovação, público diferenciado, capacidade gráfica e custos de desenvolvimento. Com as cartas que temos agora, eu aposto na Nintendo. Claro que Sony e Microsoft ainda não mostraram as suas cartas e tudo ainda pode mudar. O que acham?
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