ANÁLISE - DARK SOULS III
Em um tempo onde a dificuldade dos jogos é questionada e criticada, eis que surge a obra de Hidetaka Miyazaki, destacando-se justamente por ir contra a maré de jogos "não desafiadores" que vinham surgindo.
Muitos se perguntam - ou até mesmo erroneamente afirmam - se o sucesso da saga Dark Souls se dá apenas pela sua dificuldade acima da média, e a resposta é, sem sombra de dúvidas: não. Dark Souls possui uma qualidade excepcional em vários outros aspectos além dos desafios, e faço questão de deixar isso bem documentado nesta análise.
Dark Souls III já foi lançado há alguns meses, mas não é tarde para analisá-lo, afinal, DLCs estão vindo, além de que sempre é bom conhecer jogos como esse mais profundamente.
INFORMAÇÕES BÁSICAS
Assim como o exclusivo de PS4, Bloodborne, o jogo foi dirigido por Hidetaka Miyazaki, ao contrário de Dark Souls II, que teve apenas a sua supervisão. Apesar deste fato, Dark Souls III possui algumas semelhanças com o episódio anterior da saga.
HISTÓRIA
Para que possamos entender a história de Dark Souls III, é necessário que entendamos a história de seus antecessores, pois a estrutura é basicamente a mesma em todos os jogos. Então, teremos que voltar para o início - analisando o cutscene inical do primeiro Dark Souls:
"Na era dos ancestrais, o mundo era informe, repleto de névoa. Uma terra de cinzentos penhascos, árvores retorcidas e dragões imortais. Mas então, houve o fogo. E com o fogo, veio a disparidade. Calor e frio. Vida e morte. E é claro, luz e trevas. Então, da escuridão eles vieram, e encontraram as almas dos lordes no interior da chama: Nito, o primeiro dos mortos; a Bruxa de Izalith, e suas Filhas do Caos; Gwyn, o Lorde da Luz Solar, e seus fiéis cavaleiros; e o Furtivo Pigmeu, tão facilmente esquecido. Com a força dos Lordes, eles desafiaram os dragões. Os poderosos raios de Gwyn partiram suas escamas de pedra. As bruxas lançaram grandes tempestades de fogo. Nito soltou um miasma de morte e doença. E Seath, o descamado, traiu sua própria espécie, e os dragões já não mais existiam. Assim começou a Era do Fogo..."
A história de Dark Souls abre margem para muitas interpretações, por isso, nessa parte da análise apresentarei o meu ponto de vista de história, baseado nas informações que temos nos jogos e até em teorias de outros jogadores.
Em Dark Souls, o fogo basicamente representa a vida. Como vocês podem ver pela cutscene do primeiro jogo, antes do surgimento do fogo o mundo era quase inabitado, coberto por uma grande névoa.
Com o fogo surgiram as almas. As almas mais poderosas foram inteiramente clamadas por aqueles que chamamos de Lordes, enquanto a alma que chamamos de...Dark Soul foi dividida entre os outros seres. Isso explica o nome do jogo, pois nosso personagem basicamente fica mais forte matando os outros seres, e clamando uma maior parte das dark souls para ele.
Buscando um domínio supremo, os Lordes desafiaram os seres mais poderosos que existiam, os dragões, que eram considerados imortais.
Nota: Ao meu ver, os dragões jamais foram imortais, pois "imortal" classifica algo que não pode morrer. A vida representa algo que pode ser perdido, substituído pela morte. Antes do fogo, os dragões simplesmente não conheciam o que seria a vida, que seria uma fraqueza que eles não possuíam. Porém, após o fogo, as coisas mudaram...
Após uma grande batalha, e com ajuda do traidor Seath, os dragões foram derrotados, o domínio dos Lordes é estabelecido e a Era do Fogo se inicia.
Durante a Era do Fogo houveram diversos conflitos, porém nenhum deles teve uma escala grande ao ponto de fazer mudanças "globais". O mundo vivia basicamente bem, até que...o fogo, aquele que deu vida, começou a desaparecer. Então tudo mudou: reinos em ruínas, caos em todos os lugares.
Em um ato desesperado, Gwyn, o Lorde da Luz Solar, divide sua alma em duas, vai até a Chama Primordial, onde tudo começou, e queima o restante a fim de manter o fogo aceso por um pouco mais de tempo. Um sacrifício inútil, pois o fogo continuou a desvanecer...
Quando o fogo começa a desaparecer novamente, um escolhido surge, destinado a derrotar os Lordes, aqueles que clamaram o poder do fogo antes dele, e decidir qual será o destino do mundo. Foi assim por séculos, milênios, não se sabe. E em Dark Souls III não é diferente, ou é?
Novamente o fogo está desaparecendo e então surge um escolhido, o predestinado a derrotar os Lordes e se tornar o novo Lorde, porém...o escolhido se recusa a realizar tal ato, e a existência do fogo encontra-se ameaçada novamente, dessa vez sem esperanças de ser restaurada.
Então, ocorre um um rompimento no espaço-tempo, onde diversos tempos e realidades diferentes se juntam em apenas uma dimensão. Essa junção no universo fez com que diversos Lordes, de realidades e tempos diferentes, voltassem a vida, agora em uma única dimensão.
Você é um "Inaceso". Inacesos são descritos pelo próprio jogo como "seres incapazes até mesmo de se tornarem cinzas", acredito eu, que são seres que, através dos Braseiros, ainda conseguem manter um pouco do fogo, da vida, em si. Assim como os Vazios de Dark Souls 1, também reaparecem nas Fogueiras quando mortos.
Seu objetivo novamente é...buscar os Lordes das Cinzas, derrotá-los e...não vou falar mais. O final desse jogo é um presente para qualquer fã da série, com suas (não tão) sutis referências.
A história do terceiro jogo da série Dark Souls mantém a qualidade excepcional dos jogos anteriores, sendo apresentada de uma forma complexa, misteriosa e instigante.
JOGABILIDADE
Ao contrário de seu antecessor - na minha opinião, é claro - Dark Souls III recebeu notáveis melhorias e mudanças em sua jogabilidade. O jogo agora está muito mais rápido e dinâmico, principalmente se comparado com o primeiro jogo da trilogia.
Essa velocidade e dinamismo nas mecânicas de combate certamente foram influências trazidas de Bloodborne, sendo muito bem adaptadas a maneira da qual a série Souls funciona.
Juntar o dinamismo de Bloodborne com as influências Hack N' Slash já presentes na série Souls resultou em uma jogabilidade muito mais divertida e menos cansativa. Porém, algumas dessas mudanças visando adicionar velocidade ao game não agradaram os jogadores PvP, como a remoção do Poise, que é basicamente um número que determina a quantidade de ataques que o jogador pode receber antes de ser atordoado.
Agora, falando de forma mais específica para os novatos na série, Dark Souls possui um sistema de classes, e assim como todo o restante da jogabilidade, esse sistema também recebeu algumas alterações, visando um maior balanceamento para o início do jogo.
Por falar em classes, a "barra de magia" de Demon's Souls está de volta, acredito eu que procurando balancear principalmente as Sorceries, que estavam demasiadamente fortes em Dark Souls II. Isso, ao meu ver, fez com que as classes de magia ficassem mais fracas do que deveriam, mas continuam completamente "jogáveis".
Quanto a tão falada dificuldade, senti que o jogo ficou um pouco mais fácil do que seu antecessores, para mim sendo o mais fácil de toda a franquia. Isso não é uma crítica negativa, de forma alguma, mas apenas um comentário comparativo. Também gostaria de lembrar que esse comentário vem de um completo viciado em Dark Souls, então talvez meu gameplay tenha sido mais fácil simplesmente por eu já estar familiarizado com as mecânicas do jogo, tanto de combate, quanto as de "segredos' e cuidados que se devem ter.
Mesmo achando o jogo mais fácil que seus antecessores, ele ainda consegue oferecer uma dificuldade "fora dos padrões", que no início pode parecer frustrante mas logo se torna...viciante. Alguns até consideram que um dos bosses opcionais do game seja o mais difícil de toda a franquia.
Ocorreu outra mudança, dessa vez em relação à forma "humana" do seu personagem. Em Dark Souls um, se usássemos o item "Humanity" na fogueira e restaurássemos nossa humanidade, ganharíamos alguns bônus (como de vida) e seríamos capazes de invocar outros jogadores e fantasmas para nosso mundo. Em Dark Souls II, o mesmo ocorria, mas no lugar das Humanities, haviam as Human Effigies, itens mais raros. Em Dark Souls III, temos os Braseiros, itens com raridade relativamente baixa e que se mostram não ser tão necessários, a não ser que você precise de ajuda para um boss ou queira jogar o PvP do jogo.
A jogabilidade nos bosses e inimigos padrões segue a mesma, ainda sendo necessário tomar cuidado e analisar bem os seus inimigos, pois o jogo te penaliza por atacar feito um louco. Apesar de não ter a estrutura padrão de JRPG, Dark Souls - um jogo japonês - segue bem a linha de um, pois ao contrário dos WRPG - como The Elder Scrolls - onde se pode atacar livremente, sem graves penalidades, em Dark Souls temos que esperar, desviar, tomar cuidado e analisar o inimigo para saber a hora certa de atacar sem sofrer consequências, e essa estrutura de turnos e "esperar pela sua vez" me lembra muito a estrutura adotada pelos JRPGs.
Mas, a jogabilidade de Dark Souls III não é feita apenas melhorias na mecânica, mais dinamismo e mudanças, pois temos um problema bem incômodo, que vem desde o primeiro jogo da série, e que infelizmente permanece: a câmera. A maioria dos jogadores prefere usar o "lock" (travar a câmera em um inimigo) para atacar, assim prevenindo-se de errar ou receber um ataque surpresa, ou até se prevenir de perder o inimigo de vista. O problema é que muitas vezes, especialmente em bosses "gigantes", o inimigo sai do seu campo de visão, a câmera destrava, e você fica completamente perdido, sem saber qual será o próximo ataque de seu inimigo e assim, fica completamente vulnerável. Por mais que a mira seja destravada, o inimigo continua fora do seu campo de visão, dando uma desvantagem injusta para o jogador - lembrando que tal desvantagem não significa dificuldade, e sim desleixo por parte dos desenvolvedores.
É uma pena que um problema que pode gerar tanta dor de cabeça continue presente na franquia, sendo que ele poderia ser facilmente resolvido com alguns ajustes no posicionamento da câmera.
GRÁFICOS
Não é segredo que este jogo possui uma grande qualidade neste quesito, na verdade, toda a franquia - incluindo Bloodborne - possuem cenários espantosamente belos, que proporcionam uma experiência única através da atmosfera criada. Em relação a arte e qualidade gráfica, só tenho uma lista de elogios a fazer, porém o quesito gráfico do jogo não pode ser analisado simplesmente através do que é fácil se ver.
Gostaria de lembrar que não tive a oportunidade de jogar a versão de PlayStation 4, simplesmente por não possuir o console, por isso não comentarei sobre a "experiência" nesse console.
Começando pela versão de PC: o jogo rodou em uma taxa de quadros completamente normal, sendo muito bonito mesmo em qualidade Média-Baixa (na qual tive que jogar devido a minha configuração), porém apresentou diversas e frequentes "travadinhas", que incomodavam bastante. Essas travadinhas foram corrigidas, depois voltaram, e da última vez que chequei (cerca de 1 mês atrás) elas ainda permaneciam.
Pelo o que pude observar, essas travadas ocorrem quando o jogo está carregando algo no ambiente, sejam inimigos, partículas, etc.
Antes que digam que isso seria culpa do meu PC, vi diversos jogadores com placas de vídeo superiores a minha (tenho uma GTX 760) reclamando dos mesmos problemas. Alguns alegaram que a solução para o problema seria voltar para um driver anterior da placa de vídeo (no caso de GPUs Nvidia). Não testei tal solução, mas por mais que ela funcione, já é uma pena um jogo de tamanha qualidade gráfica possuir uma falha como essas.
Já na versão de Xbox One: o jogo possui uma qualidade muito boa, obviamente não sueperior à versão de PC ,por motivos óbvios de potência, mas que ainda assim agrada bastante. Não tive grandes problemas com travadas ou coisas do tipo, mas apenas algumas raras qudas de FPS. Em suma, o jogo ofereceu uma experiência gráfica bem agradável, apenas com uma quantidade de serrilhado meio grande para o meu gosto e com as já citadas quedas de FPS, que não incomodam tanto, mesmo quando ocorrem. Veja algumas screenshots:
- screenshots:
TRILHA SONORA E DUBLAGEM
Sim, a trilha sonora ainda é muito boa, não irei questionar isso e não há muito o que dizer sobre. Porém, notei uma queda de criatividade na composição se comparada aos jogos anteriores. Senti falta da sensação de solidão e melancolia que as músicas de Motoi Sukaraba, compositor responsável pela trilha do primeiro jogo, conseguiam passar.
A melhor trilha do jogo, na minha opinião, justamente remete a uma música da OST do primeiro jogo. NÃO procurem qual música é caso vocês não tenham zerado o jogo, É SÉRIO, trata-se de uma experiência única.
A dublagem mantém o padrão de qualidade inquestionavelmente excelente de toda a série. Os personagens transmitem tranquilidade, desespero, tristeza e deboche na sua voz, um trabalho de imensa qualidade, com vozes muito bem escolhidas.
AVISO: ALGUMAS DAS ÚLTIMAS FALAS PODEM CONTER SPOILERS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dark Souls III consegue deixar um marco em uma franquia tão conhecida. Trazendo mudanças - a maioria delas, agradáveis - o jogo consegue inovar e ao mesmo tempo manter o padrão de qualidade da série Souls.
Com pouquíssimos erros, esta é um jogo imperdível para aqueles que buscam desafio aliado a outras qualidades que proporcionam uma experiência inigualável.
Para mim, o jogo é um dos melhores da trilogia, sendo superado apenas por Dark Souls 1. Sem dúvidas, é um concorrente fortíssimo a GOTY.
Notas
História: 10
Jogabilidade: 9.9
Gráficos: 9.7
Trilha Sonora e Dublagem: 9.8
Nota Final: 9.9
Peço desculpas por qualquer erro ocasional. Estou completamente aberto a críticas construtivas, correções e comentários.
Última edição por Sonic Salies em Sex 19 Ago 2016, 14:13, editado 1 vez(es)
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