Origem e objetivo:
A concepção do Zeebo veio por parte da brasileira Tectoy, após trabalhar com os consoles da Sega durante quase três décadas, a empresa se achou confiante o suficiente para bolar uma solução original. A ideia era aproveitar os méritos da Tectoy Digitial, segmento da empresa especializado em jogos para celular, que na época estava atingindo um patamar de sucesso. Entretanto lançar um aparelho dedicado exigia um investimento de capital que a empresa não possuía na época, além disso o Brasil era deficiente de desenvolvedores de microchips e componentes eletrônicos do gênero, a solução foi buscar uma parceria com alguma empresa externa.
Dessa busca por uma parceira surgiram nomes importantes como a Nokia e a Sun, mas a empresa que realmente fechou um pacote completo foi a gigante americana Qualcomm. Assim o braço americano da Tectoy se tornou a Zeebo.Inc, responsável por cuidar de todo o desenvolvimento do protótipo, das manobras de venda, da parte comercial e mais tarde da produção de jogos.
O objetivo da Tectoy era claro, desenvolver uma solução de entretenimento eletrônico que permitisse que os jogos fossem adquiridos diretamente do aparelho via uma conexão 3G, focando suas vendas em famílias das classes C e B. A ideia era criar uma marca mundial, mas não necessariamente forte, que poderia ser vendida para alguma empresa maior, como Apple e/ou Microsoft.
Hardware e Software:
Fechar um acordo com a Qualcomm foi o que garantiu a existência do console, esta ficou responsável pela maior parte do investimento em capital e também do fornecimento do hardware necessário para o aparelho. Porém, um acordo como esses não veio de graça, uma das exigências da empresa americana era que o console usasse o seu sistema operacional, o Brew, desenvolvido para smartphones de última geração.
Vale lembrar que na época o Android ainda estava caminhando e diversas companhias estavam investindo em sistemas operacionais proprietários, a fim de combater a ameaça do IOS. Deste modo, a Qualcomm enxergava no Zeebo uma plataforma de marketing, que poderia mostrar ao mundo que seu hardware e software poderiam ser empregados em aparelhos diversos.
O coração do console era um SOC da família MSM7000, mais especificamente uma versão modificada do MSM7201A, mesmo modelo que equipava alguns celulares como o HTC Dream (primeiro celular comercial a usar o Android). A parte gráfica do SOC era de responsabilidade de uma Ati Adreno 130, que conseguia resultados satisfatórios, na teoria os visuais do Zeebo seriam algo entre o NDS e o PSP, sendo mais próximos deste último graças a sua enorme quantidade de memória RAM (160mb). Além disso o aparelho contava com chip 3G, este permitia acesso a uma rede fechada de jogos, onde os compradores podiam comprar aplicativos e mais tarde navegar na internet.
O design final do aparelho era no mínimo agradável, uma pequena caixa cinza com leds em azul. Entre os periféricos que acompanharam o lançamento do console temos o controle clássico, que puxava inspiração de um periférico de nome semelhante da Nintendo e o Boomerangue, um controle com formato pouco usual que permitia a captação dos movimentos do usuário.
Já o sistema operacional era o nada conhecido Brew, uma solução que apostava em segurança para combater a pirataria que assolava os mercados digitais da época. Como um sistema desenvolvido para smartphones, ele era recheado de diversas funções que não possuíam utilidade para um console, entretanto a fim de não comprometer a segurança do mesmo, a Qualcomm se recusou a oferecer informações que pudessem desativa-las, deste modo o aparelho acabou chegando ao mercado com uma série de funções ocultas rodando em segundo plano que consumiam grande parte da capacidade do mesmo.
Os problemas do software se mostraram presentes logo no menu do aparelho, a chamada Z-Wheel funcionava como centro de ações do jogador e vitrine dos novos lançamentos. Esteticamente ela era muito bonita, talvez mais bonita do que os menus que temos nos consoles atuais, mas consumia uma boa parcela das capacidades restantes do aparelho e era famosa por sua falta de fluidez.
Jogos:
Ao apresentar o console para as desenvolvedoras terceiras, a reação geral foi uma enorme frieza, essas desenvolvedoras não acreditavam na potência do mercado alvo do aparelho e a ideia de desenvolver para o sistema Brew pode ter afastado algumas delas. Ainda assim a empresa conseguiu alguns negócios, a EA foi uma das desenvolvedoras que apostaram no console, trazendo dois ports diretamente do PSP : Need for Speed Carbon e FIFA 2008.
O problema é que dada a falta de experiência da desenvolvedora com a plataforma e a instabilidade do sistema Brew, ambos os jogos acabaram se tornando ports horrendos, ainda piores do que suas respectivas versões para celulares. Encurralados pela falta de apoio, a Tectoy Digital foi convertida em um estúdio First Party para o aparelho, produzindo, em um curtíssimo espaço de tempo, a série Zeebo Extreme, que apesar de limitados são considerados alguns dos melhores jogos do aparelho.
Mas a busca por parcerias gerou alguns bons frutos para o console, logo no lançamento o console vinha com os clássicos Quake e Quake II, totalmente convertidos para o português, inclusive as chamadas no começo do segundo título estavam completamente dubladas. O aparelho também recebeu o que alguns consideram como uma das melhores versões de Double Dragon, além de excelentes e traduzidos ports de hits de smartphone como Galaxy on Fire e Zenonia I.
Já em termos de exclusivos o aparelho possuía uma boa oferta, além do já citado Zeebo Extreme, o aparelho também contava com uma série batizada de Zeebo Sports, que abusava do controle de movimento para simular partidas de vôlei, tênis, peteca e queimada. Com o lançamento do aplicativo Zeeboids (criador de avatar) dois outros títulos esportivos surgiram o Zeebo F.C. Foot Camp, que oferecia uma série de mini games como embaixadinha e Zeebo F.C Super League, que trazia um jogo completo de futebol, com direito a técnicas totalmente malucas ao melhor estilo Mario Strikers.
Lançamento e desafios:
O console foi originalmente lançado em 2009 ao preço nada competitivo de R$ 499,99, naquela época o PS2 ainda era um forte competidor em território nacional e podia ser encontrado por valores de até é R$400, 00 graças ao contrabando. Para piorar a situação, um representante da Tectoy disse que o Zeebo estava vindo para competir com o console da Sony, não é necessário atestar que essa afirmação transformou o console em motivo de piada.
Mais tarde o console foi lançado no México, onde algumas alterações foram realizadas e o aparelho se tornou uma espécie de computador educacional. Um novo controle e teclado foram desenvolvidos exclusivamente para o mercado mexicano e parceria com um estúdio local, o exclusivo “Um jogo de Ovos” (vindo do filme infantil Um filme de Ovos) foi lançado para o aparelho.
Aqui no Brasil o console sofreu amargas primeiras semanas, o que motivou a Zeebo.Inc a realizar dois cortes de preço, estabelecendo o novo valor base de R$:299. Nesse período o console começou a mostrar uma propensão de melhora, novas parcerias foram firmadas, novos jogos surgiam no catálogo do console todos os meses.
A fim de manter seu público cativo, a Zeebo.Inc tomou a corajosa atitude de presentear todos os donos do console brasileiro com os itens da versão mexicana. Após levar o console para uma atualização gratuita, em um dos postos autorizados, o comprador recebia de graça um conjunto teclado + controle. Esse tipo de estratégia de aproximação se tornou uma marca registrada da Zeebo.Inc, competições eram feitas pelos meios online e prêmios eram distribuídos com frequência.
Infelizmente só isso não foi necessário para assegurar um futuro para o aparelho, em uma atitude desesperada, o console brasileiro foi convertido em uma plataforma educacional com direito até mesmo um “jogo” da Turma da Monica. Essa drástica mudança acabou se mostrando ainda mais danosa, o público cativo do console acabou sendo dispersado e sem meios para se manter a Zeebo.Inc anúncio a descontinuação do Zeebo e declarou falência, com apenas 30 mil aparelhos vendidos.
Resumo:
O Zeebo foi um console com um grande ideia, seguida de uma série de péssimas execuções, como console ele deixou muito a desejar, com exceção de seu excelente serviço de atendimento ao consumidor, muito pouco foi feito para deixar uma marca permanente na história dos videogames.
Ainda assim, algumas das partes envolvidas no projeto merecem ao menos uma homenagem, a equipe de desenvolvimento de software do aparelho conseguiu fazer milagre, mesmo se atendo as restrições da Qualcomm. E a equipe de desenvolvimento de jogos, conseguiu criar peças bem únicas e que com certeza fizeram a cara do aparelho, jogos com temas nacionais como Corrida de Rolimã, mostraram que a nossa cultura possui material para a criação de bons jogos, basta vontade.
Infelizmente o saldo final é negativo, o Zeebo errou muito mais do que acertou, mas para uma aposta nacional e que quase não teve apoio de terceiras, ele conseguiu sobreviver e ir mais longe do que a maioria das pessoas imaginava. Embora a chance de um outro console nacional surgir seja escassa, o Zeebo está ai para mostrar quais caminhos seguir e principalmente quais evitar, a fim de criar um produto realmente memorável.
Curiosidades:
- O apelido de “Console Celular” não é à toa diversos títulos do aparelho eram ports diretos de versões para celular.
- Em algum momento surgiu o rumor de que a Sega traria os jogos clássicos de Mega Drive e Master System para o console, esse rumor se provou infundado.
- O jogo Double Dragon do Zeebo é considerado como uma das melhores versões para consoles, sendo o único “exclusivo” a ter reconhecimento mundial.
- O aparelho tinha uma potência estimada 9 vezes maior do que a do NDS.
- Surgiram rumores de um sucessor sendo lançado na Índia, mas isso nunca aconteceu.
- O Zeebo recebeu um clone chinês apelidado de Gamebox.
Última edição por vits em Qua 16 Dez 2015, 12:48, editado 4 vez(es)
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