Sobre o jogo
Quem tem um DS de longa data e que goste de RPGs provavelmente conhece o jogo ou ouviu algum tipo de murmurinho sobre ele. O jogo trata-se de um SRPG (Strategy RPG ou RPG Tático) produzido pela Mistwalker (Blue Dragon, The Last Story, Lost Odyssey), em conjunto com a Racjin (Naruto: Uzumaki Chronicles, Bleach: Blade Battlers) e publicado pela Nintendo. Certo, o que isso tem de mais?
Bom, o jogo foi anunciado no final de 2005, prometendo um jogo épico, puxando a capacidade do DS até o limite, tanto que foi o primeiro jogo a utilizar com cartucho com capacidade de 2 Gigabits (256 MB), bastante grande para um jogo de início da vida do console e, criado nada mais nada menos por: Hironobu Sakaguchi, criador da série Final Fantasy. O bastante para gerar um hype entre os japoneses e provocar alguma expectativa aqui no ocidente.
Em 2007 o jogo foi lançado, e foi bem recebido pela crítica (33/40 pela Famitsu). Existia também a expectativa de ser lançado no ocidente, tanto que foi classificado pela ESRB, porém o lançamento não aconteceu.
Apesar da expectativa e da boa recepção da crítica, o jogo é conhecido por ser um dos maiores fracassos do DS no Japão. As vendas estagnaram e não demorou para que os cartuchos fossem empilhados para serem vendidos a um preço reduzido nas famosas “Wagon Sale” nas lojas japonesas. A Wagon Sale é uma prática comum nos varejos japoneses e somente jogos de sucesso estrondoso de provocar filas no lançamento escapam dela. Ainda assim, as vendas continuaram estagnadas e no momento é fácil encontrar uma cópia nova por cerca de 500 ienes (cerca de 10 reais) ou uma cópia usada por 100 ienes (cerca de 2 reais), preço de banana, literalmente.
Nem os jogos do Zelda escaparam das liquidações. Japão, pls.
Análise Técnica
A história do jogo gira em torno de Aisya, princesa do reino de Millinear, mostrando o dia do seu aniversário de 17 anos, em sua cerimônia de coroação para ser a rainha de Millinear, após 12 anos após o falecimento de seus pais. Porém, no meio da sua cerimônia de coroação, um dragão de fogo ataca o reino e queima tudo o que está em volta, deixando Aisya como a única sobrevivente. Desolada, ela começa a chorar pela perda de todos que estão em volta dela, porém vê Bullnequ, seu tutor e chefe militar de Millinear, e todos que estão em volta renascerem com o corpo formado de cinzas. Então Aisya, junto com o Bullnequ, sai em uma jornada para derrotar o dragão de fogo e reconstruir o reino de Millinear.
A história é o ponto forte do jogo. Apesar de ser meio clichê, a história é sólida, com um bom começo, um bom desenvolvimento e um bom final. O baixo número de personagens ajuda nesse aspecto (cerca de 10 personagens principais), dando desenvolvimento adequado e personalidades bem definidas para cada um deles, sem que a história saia do controle ou fique sem nexo.
Apesar da boa história, tecnicamente o jogo não acompanha. O jogo no geral é bastante mal feito, apresentando discrepância gráfica muito grande, com mecânica de jogo ruim e jogabilidade lastimáveis. A trilha sonora é boa, incluindo dublagem nas personagens, porém é repetitiva.
A discrepância gráfica é percebida assim que o jogo se inicia. O jogo inicia apresentando uma cutscene em CG que impressiona, melhor que muitas cutscenes de outros jogos de DS que saíram posteriormente e, assim que o jogo sai da cutscene é uma decepção total. Os cenários são mal feitos e a movimentação e os sprites dos personagens são extremamente toscos no mapa, mas assim que um combate se inicia, o jogo apresenta gráficos bonitos, com os personagens feitos em sprites pré-renderizados.
Isso é uma cutscene do jogo. Impressionante, não?
A jogabilidade é simplesmente lastimável. Assim que você coloca o cartucho e inicia o jogo, todos os botões existentes no seu DS se tornam meros enfeites e o jogo te força a utilizar somente o touchscreen (tá, você ainda pode cancelar as ações utilizando o botão B, mas é somente isso). O uso exclusivo do touchscreen, aliado a angulação horrível do mapa, que podem mostrar os personagens sobrepostos caso estejam um do lado do outro, te induzem ao erro mesmo após se acostumar com o touchscreen.
A mecânica de jogo apresenta alguns pontos altos e diversos pontos baixos. A movimentação no mapa e o controle das ações realizadas são interessantes, utilizando um sistema que gasta os seus Action Points (AP). Cada party tem seus AP para gastar durante o turno, sendo que cada party consiste de no máximo 3 personagens. A cada turno, a party recebe 40 AP para cada personagem, sendo que o máximo de AP que é possível acumular é de 150. Qualquer ação que a party faz no mapa consome os AP acumulados, por exemplo, quanto mais longe um personagem se movimentar, mais AP será consumido. Usar um item/magia no mapa consome 10 AP e entrar em combate consome 50 AP. Esse sistema de AP acrescenta estratégia ao jogo, não se limitando ao sistema de outros SRPGs que se resumem basicamente a movimentação e ação uma única vez por turno.
Já os gráficos no mapa...
O sistema de combate também é deveras interessante, lembrando um pouco o Shin Megami Tensei: Devil Survivor, em que você controla os personagens pelo mapa como um SRPG tradicional, e assim que você inicia um combate, se torna uma batalha de um RPG tradicional. O combate também utiliza um sistema de distância entre as tropas, em que a distância influencia o poder das habilidades e das ações que podem ser feitas no meio do combate. Isso pode até ser obvio por ser um SRPG, mas na prática não é tão assim, pois a batalha é feita nos moldes dos RPGs tradicionais.
Apesar dessas inovações interessantes, as falhas na mecânica são evidentes. Esse sistema de combate torna o jogo extremamente cansativo por ser absurdamente lento, mais em função dos gráficos utilizados do que pelo sistema em si. Apesar dos gráficos utilizados em combate serem belos, eles são bastante limitados e lentos. Há pouca variação nos movimentos e efeitos, incluindo nos ataques especiais, onde as tropas principais possuem de 2 a 3 ataques especiais, que mostram uma pequena cutscene em CG pré-renderizada, e TODOS os ataques especiais da mesma tropa possui a MESMA cutscene, tornando algo broxante. Para ajudar, não existe a opção de pular as animações de batalha, ou seja, vai ter que aturar todas as animações, até ficar de saco cheio.
Os gráficos durante o combate também são bonitos, pena que são SÓ bonitos...
Não contente com os combates demorados, brotam inimigos de forma incansável durante as batalhas. Quando você acha que acabou de limpar todos os inimigos, o jogo vai lá e te dá mais inimigos para matar. Além disso, em diversos capítulos, quando você mata todos os inimigos infinitos, o jogo te leva para uma próxima área e advinhe: existem mais inimigos para serem derrotados, sem uma progressão significativa na história entre as duas áreas.
Para se ter uma idéia da demora, cada capítulo tem em média de 8 parties inimigas para serem derrotadas, demorando cerca de 1 hora para derrotar todos eles. É bastante tempo considerando o número de inimigos.
O jogo também é bastante desbalanceado. Além das tropas principais, existem 7 classes de tropas que você pode invocar para colocar nas suas parties, porém algumas delas são simplesmente inúteis e outras são extremamente fortes, limitando a variedade das classes que você irá utilizar.
As magias de suporte (magias de aumentar ataque, defesa etc.) são praticamente inúteis e a visualização dos efeitos é praticamente nula. É extremamente difícil de verificar o quanto de um determinado status foi aumentado/diminuído e não há como saber por quanto tempo ela perdurará.
Existe também um sistema de proficiência de habilidades, em que quanto mais você utiliza uma habilidade, mais forte ela se tornará. Apesar de parecer interessante, ela é desprezível. As habilidades demoram muito para melhorarem e mesmo com a melhora, a diferença no poder é quase que insignificante.
Derrotar chefes não é recompensador. Apesar ser mais difícil e demorar mais do que derrotar tropas inimigas comuns, ela dá a mesma (ou até menos...) quantidade de experiência e dinheiro das tropas comuns. Você só derrota elas por obrigação mesmo.
E após finalizar o jogo, é possível jogar o New Game +, que é jogar o mesmo jogo mantendo tudo que você coletou durante o playthrough normal. Nada de dificuldade adicional, nada de capítulos extras, nada de inimigos novos. Não sei nem porque existe esse New Game +...
Conclusão
O jogo prometia e tinha de tudo para ser um sucesso, ainda mais considerando o gênero do jogo. Um staff de peso e experts no gênero - Hironobu Sakaguchi na produção (série Final Fantasy), Hideo Minaba como designer de personagens (FF5, FF6, FF9, entre outros), Hitoshi Sakimoto e Masaharu Iwata na trilha sonora (Tactics Ogre, FF Tactics) são os nomes mais notáveis - aliada à expectativa causada, fizeram com que a decepção fosse mais notável.
Apesar da história excelente, boa trilha sonora e com algumas inovações nas mecânicas de jogo, a execução foi lastimável, com diversos defeitos e falhas técnicas.
Como já dizia o ditado popular: Nunca julgue um livro pela capa.
Pelo menos a capa é bonita para deixá-lo na estante, e nunca mais tirá-lo de lá.
Apesar de o jogo ser somente em japonês, existem traduções não oficiais feitos por fãs do jogo. Quem quiser experimentar, é relativamente fácil de achar na internet.
Prós
+ História consistente e bem desenvolvida
+ Boa trilha sonora
+ Belas cutscenes
+ Inovações nas mecânicas de jogo
Contras
- Discrepância gráfica
- Trilha sonora repetitiva
- Jogabilidade horrível
- Mecânicas de jogo mal desenvolvidas e executadas
- Combate demorado e cansativo
Nota final: 4,5/10
Última edição por Samato em Sex 20 Jun 2014, 20:23, editado 1 vez(es)
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