O desenvolvimento tumultuado do Sega Saturn acabou criando um console de quinta geração diferente, apesar de poderoso, sua confusa arquitetura tornava o desenvolvimento de jogos custoso. Além disso o console foi originalmente pensado com títulos bidimensionais em mente, algo que não ressoou bem com os consumidores, que na época estavam completamente vidrados nos incríveis polígonos do Nintendo 64 e PSOne.
Aqueles poucos que se arriscaram na plataforma da Sega, conseguiram fazer boas memórias, com jogos como Night Into the Dreams e Virtua Fighter 2, preenchendo a lista dos títulos mais populares do console. Todavia, diversos títulos do aparelho acabaram sendo deixados de lado, especialmente aqueles que apostavam em visuais bidimensionais e fizeram parte da lineup inicial do aparelho. Hoje vamos falar um pouco de um desses jogos, intitulado Astal e lançado para o Sega Saturn em 1995.
O Jogo
O desenvolvimento de Astal se deu ainda durante a criação do console, sendo um dos jogos criados com o intuito de mostrar aos consumidores e a crítica da época, que o Saturn era muito mais poderoso que os consoles da geração anterior. Esse capricho fica bastante evidente na direção artística do jogo, todos os cenários e personagens foram feitos a mão, abusando de cores fortes e deliciando os jogadores com um verdadeiro arco-íris de efeitos.
Esses visuais foram o principal ponto de venda do jogo, a temática de cristais permitiu que o jogo se destaca-se dentre outros títulos de plataforma da época, ao mesmo tempo que criou espaço para que uma série de efeitos fossem realizados, em especial as animações de morte dos inimigos, que se baseiam na destruição de uma gema e nos ataques proferidos tanto pelo protagonista quanto pelos chefes de fase, que além de bastante fluídos apostam em distorção e “zoom in and out” para impressionar o jogador.
Um aspecto controverso dos visuais está no design dos próprios personagens, eles seguem o padrão de outros jogos da empresa, como Sonic e Ristar, mas por serem baseados na forma humana acabam parecendo deformados e um tanto quanto exagerados, especialmente pelo cabelo do protagonista, que deixaria um Super Sayajin 3 com inveja. Algo que não é nem um pouco controverso são as músicas do jogo, composições orquestradas que são um verdadeiro espetáculo de qualidade, abusando das possibilidades abertas pelo uso dos CDs como mídia do console. Cada personagem possui uma voz, proferindo certas palavras durante o gameplay e conversas inteiras durante algumas cenas de corte, a qualidade do trabalho de voz é boa, mas a versão japonesa acaba sendo um pouco melhor, passando um pouco mais de sentimento ao jogador.
(Amostra da trilha sonora, uma das melhores da geração)
A narrativa do jogo não é complexa, mas é razoavelmente bem desenvolvida e contém algumas surpresas durante sua progressão. Basicamente é uma recriação do livro Gênesis (Bíblia), contando como o mundo foi criado, em especial como os dois primeiros humanos passaram a existir e qual o propósito deles no mundo. O jogador controla Astal, o primeiro homem, criado para proteger a sua irmã Leda, a primeira mulher, que contém dentro de si o poder da criação. Tudo vai bem, até o momento em que Astal se torna excessivamente protetor, causando estragos severos ao mundo e enfurecendo Antowas (a deusa deste mundo), que como castigo, aprisiona o protagonista na lua. Longe de seu irmão e protetor, Leda acaba caindo nas mãos de forças malignas, seu sequestro por Geist é presenciado por Astal, que reúne toda a sua força e consegue se libertar de sua prisão, caindo de volta ao planeta, onde ele, agora, busca sua irmã (e tudo isso é apresentado na forma de um desenho animado)
No geral a história progride muito bem e Astal apresenta algum desenvolvimento durante o jogo, infelizmente o restante dos personagens são bastante estáticos, servindo apenas como alavancas para a jornada do protagonista. Em termos de gameplay o jogo se comporta como a maioria dos títulos de plataforma, o deslocamento é feito da esquerda para a direita e as seções de plataforma oferecem pouca verticalidade. O ponto alto fica por conta do combate, a variedade de movimentos do protagonista é vasta, incluindo socos, cabeçadas, arremessos e até um poderoso sopro, além disso um pássaro que resgatamos logo na primeira fase passa a ajudar o protagonista, oferecendo uma nova leva de ataques e afetando diretamente as seções de plataforma (segurando plataformas móveis por exemplo), os confrontos com chefes também são interessantes, no geral eles são enormes e requerem alguma habilidade para serem vencidos.
O título também conta com um modo multiplayer co-op, onde o segundo jogador passa a ter o controle sobre o pássaro. Composto por 16 fases, cada uma com uma temática e desafios únicos, o jogo apresenta uma boa dose de conteúdo, mas jogadores experientes não vão levar mais do que duas horas para termina-lo, a não ser aqueles que, como eu, passam um bom tempo simplesmente apreciando o cenário.
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Lançado em uma época onde o público tinha pouco interesse em jogos 2D e para um console que nunca conseguiu cativar uma boa base de usuários, Astal acabou passando batido por muitos jogadores, sendo uma das franquias esquecidas da Sega. Uma verdadeira vítima das circunstâncias de seu lançamento, mas um título sólido que ainda é capaz de divertir e impressionar aqueles que se arriscarem em joga-lo.
Curiosidades:
- As músicas de abertura e encerramento da versão japonesa possuem vocais, a versão americana é completamente instrumental. Porém se o CD da versão americana for colocado em um CD-Player, as versões japonesas das músicas podem ser ouvidas como faixas bônus.
- Existem boatos de que o jogo se passa no mesmo universo da franquia Sonic, alguns fãs vão mais além e dizem que as chaos emeralds são gemas criadas pela Leda. Nada disso foi confirmado.
- Astal fez algumas participações especiais nos quadrinhos do Sonic the Hedgehog publicados pela Archie Comics.
- Se você não ouviu a trilha sonora, disponível acima, você perdeu uma das melhores composições musicais daquela geração e deveria se sentir mal por isso.
- Mais imagens e um gameplay do jogo:
Onde Jogar
Por ser um dos jogos de lançamento do Sega Saturn e ter vendido um número bem baixo de cópias, esse jogo acabou se tornando um pouco raro. Ele não chega a ser tão caro quanto outros títulos do console, mas uma cópia completa custa entre R$150 e R$500 dependendo da versão e estado. E enquanto emulação é uma opção, os emuladores atuais da plataforma são pouco otimizados e alguns bugs acontecem com esse jogo, ainda é completamente jogável, mas não é uma experiência tão agradável quanto no console original.
Última edição por vits em Dom 25 Set 2016, 16:31, editado 3 vez(es) (Motivo da edição : correções)
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