Personagens Que Um Dia Foram
Sim, jogos de fãs são uma solução provisória, um band aid, são pontos em um corte profundo que precisa ser estancado. Só isso. Você vai se divertir, tenha certeza, mas o desejo não passará. Sabe aquele suco de Kiwi que, apesar de saboroso, deixa uma sensação esquisita na boca? Esquece o Kiwi. Sabe quando você acorda e quer ficar mais 5 minutos na cama? Esquece. Sabe quando você lê um artigo meu e não consegue parar de ler? Pior ainda. Sabe quando você termina um jogo e fica aquele desejo de continuar jogando? Isso! É esse o ponto! Você terminará o game fanmade, mas não saciará a sua sede, nem mesmo com suco de Kiwi. Não descansará nem mesmo se ficar mais 5 minutos na cama e não adianta ficar lendo todos os meus artigos, pois em você ficará somente uma raiva adormecida. Sabe quando essa raiva acordará? Logo quando você pensar sobre o assunto, logo quando você lembrar de que um fã conseguiu fazer tudo aquilo que você esperava por um jogo, mas a maldita dona dos direitos sobre a sua franquia não consegue sequer fazer algo parecido. Enfurecido você falará horrores, ficará com cara de cachorro que cai da mudança, perdido, tentando parar de justificar sua decepção enquanto sua boca descontrolada não consegue parar de xingar. Normal, muitos já fizeram isso. Mudar seria antinatural, não é você que precisa mudar. Nem a empresa precisava ter mudado. Era só manter, lapidar, melhorar um pouquinho aqui, um pouquinho ali e pronto. Nada de transformar os sapos de Battetoads em cantores de opera num jogo rítmico para tentar seguir as tendências dos games musicais. Nada de trazer o Alex Kidd para aparecer em um jogo genérico do Kinect onde você precisa jogar pedra, papel e tesoura contra o seu herói esquecido. Queremos o básico, o feijão com arroz, mas já que não são capazes, deixem eles descansarem em paz!
Streets of Rage Remake
Golden Axe Genesis
Pare e olhe pra você. Se tiver um espelho, melhor ainda. Analise-se. Seja sincero, você percebe alguma mudança na sua fisionomia? Agora pare e olhe em volta. Está tudo igual antes? Algo mudou? Se conseguir analisar suas preferencias atuais e compará-las com as preferencias de 20 anos atrás talvez se assuste mais ainda. O interessante disso tudo é que a vida sempre esteve em uma eterna transição, tudo mudando desde antes de nascermos, mesmo antes de a vida existir na Terra. Mudar é algo natural. Não é não. Mudar não é natural, natural é respirar. Mudar é complicado, exige uma adaptação, exige uma postura diferente e nem sempre mudar é bom.
Você está envelhecendo em uma velocidade crescentemente assustadora e, acredite daqui a 40 anos você se assustará muito mais com suas rugas do que hoje em dia. Isso é bom? E a infância que você deixou pra trás? E toda sua alegria, passar o dia inteiro rindo, brincar, correr, discutir sobre quem é mais amigo de quem? E seus amigos que se foram, aqueles que se mudaram, aqueles que você mudou e aqueles que te mudaram? Mudando o mundo se transformou no que é, mas “tudo bem, vamos nos adaptar”. Eu não. Saí pra lá.
Algumas mudanças são bem vindas, não dá pra generalizar, mas certas coisas não precisam mudar. Eu ainda jogo vídeo game e fazia isso quando era criança. Me nego a mudar. Foi com muito esforço que cheguei até aqui jogando diariamente. O problema é que até mesmo os jogos estão mudando e quando isso acontece alguém precisa fazer alguma coisa, alguém precisa mostrar ao mundo que não é assim que a banda toda. Não é a falta de locadoras ou mesmo a escassez de fliperamas que me incomoda. Ok, isso me incomoda também, mas fica para um próximo artigo. O que eu quero expor aqui são as atuais mudanças que a essência dos jogos está sofrendo. Isso é grave e talvez seja prudente preparar o coração dos cardíacos antes de abordarmos esse tema. Também gostaria de deixar claro que se eu sumir, assim do nada, avisem o FBI, pois eu pretendo pegar pesado aqui, ok, lá vai: Eu não esqueci, eu não mudei, cadê meus personagens preferidos!? (Falei e olhei em volta pra ver se estava tudo certo. Well, ainda estou aqui.)
Muerte Morte Dead
Morreu o Chaves. Sabiam disso? Claro que sim, saiu em cada página da Internet e teve até especial na TV aberta. Ele mereceu ser homenageado, isso é fato, porém já se foi e deixará saudades. Quando morre alguém fica fácil entender que nunca mais o veremos. Normal. É uma daquelas mudanças que todos sabemos que acontece diariamente e logo nos alcançará. Vamos ao enterro ou vemos fotos da pessoa morta e pronto. Sabe qual é problema disso? É que só percebemos quando já aconteceu, quando já foi, bateu as botas. Parece que somos treinados para não acompanhar o processo, daí você lê um artigo na internet que te diz “pare e olhe pra você” e então você se assusta. Caramba! Estou ficando velho. Foi aí que eu entendi: Precisamos que alguém nos mostre mudanças sutis, sutis mas que matam. E foi aí que eu me assustei: Mataram e eu não vi, pois não teve enterro. Não teve funeral e nem mesmo homenagens na Internet. Eu estou falando deles, nossos queridos personagens que sumiram dos games. Cada um deles, desde Alex Kid, até o ratinho Mapi. Não é só isso, estão matando o Sonic a cada jogo lançado e ninguém vai fazer nada!? Vamos esperar morrer para ir ao enterro e lamentar!?
Esses personagens deveriam assinar um contrato ou um seguro de vida, sei lá, cadê o pessoal dos direitos dos mascotes!? Estou indignado, eu não havia percebido, logo eu, que me julgo observador. Foi depois do ultimo Sonic que BOOM! Acordei pra vida. Ou acordei pra morte. Depende muito do ponto de vista. Fato é que isso não deveria acontecer nunca. Sério, pensem um pouco além do personagem que você controlou. Pense como uma criança, que acredita que aquilo ali é seu amigo, que precisa de sua ajuda para salvar o mundo e que tudo depende do sucesso daquele personagem. Personagem não, HEROI. Tudo depende da união de vocês. Ele é poderoso sim, mas precisa que você o controle durante o jogo e quando você o faz, então, então, então, não tem jeito, vocês se tornam um. Esse sentimento canalizado tem força suficiente para criar um ídolo. Você vence o primeiro desafio, depois de horas e horas de jogo, cria um vinculo real e zera o game. O final é emocionante, talvez você até chore, eu já chorei, é normal. Lançam uma sequencia e você vive tudo novamente, com a mesma intensidade, é quase um caso de amor. “Só que basta. Chega. Nunca mais lançaremos nada desse personagem. Siga sua vida e aceite essa mudança. Vá trabalhar e nos ajude a manter o sistema funcionando”.
Quando não matam imediatamente, então o processo é lento, quase uma tortura! Sonic está sendo esticado a cada lançamento, daqui a pouco vai bater um recorde de pernas mais compridas do mundo dos games. Se é que já não bateu. Mas esticar é o menor dos problemas do ouriço, afinal estão acabando com o carinho dos fãs por seus jogos. Estamos presenciando um processo de desmacotização. Palavra que eu inventei agora e acontece quando as empresas usam seu mascote em situações desfavoráveis. O objetivo é destruir a imagem clássica desse personagem, passando por um processo seletivo, tentando atingir novos fãs, renovar a base apreciadora do mascote. O problema dessa escolha é que não há respeito com os atuais fãs, eles são descartados de uma forma desrespeitosa. O sentimento de frustração é tão grande que muitos não conseguem aceitar o declínio de seu personagem preferido e não pense que esses não eram realmente fãs, pois eu nem sequer consigo imaginar o que eu sentiria se começassem a estragar, jogo após jogo, minha franquia favorita.
O que leva uma empresa a optar pela desmacotização de um ícone gamer? Dinheiro. Simples assim. Não estamos falando de pouco dinheiro e, a quantidade exorbitante dessa atual moeda de troca, é o principal motivo de encontrarmos tantas atrocidades nos games atuais. Trazer personagens antigos, esquecidos pela maioria, para os games de hoje em dia é algo muito arriscado. Dizer que seria garantia de sucesso é duvidar da sagacidade de todos os analistas contratados pela indústria gamer. Está claro que a maioria pensa justamente o contrário e muitos desses personagens jamais verão a luz do dia novamente. Não há espaço para tantos heróis esquecidos no próximo Smash Bros. Essa analise de perfil dos atuais consumidores, e uma indefinição sobre qual caminho a seguir, transforma o mundo dos games em um jogo de erros e acertos. Ninguém sabe qual o rumo que o mercado de games seguirá. Será a realidade virtual, com jogos cada vez mais imersivos, o futuro? Será uma mistura entre games e cinema a melhor opção, com experiências cinematográficas, filmes com opções de interatividade? Seria então mais prudente manter as coisas separadas e deixar os jogos um ar de magia, algo fantasioso? Ninguém sabe, todos tentam algo novo a cada jogo, mas estão sem norte, não sabem pra onde seguir. Vemos empresas gigantes disputando com vídeo games o mesmo espaço que os computadores já dominam há anos. Vemos outras correndo por fora, lançando jogos cartunizados, vendendo pouco, mas mantendo suas crenças. Cada um de nós tem sua preferencia, mas não é ela que decidirá o rumo e o futuro dos games. É nesse meio que vemos um rodizio constante de mascotes. Estão testando todas as possibilidades, sim, somos cobaias testando ideias em forma de games que são lançadas como isca para ver o que atraem e o que repelem. Mas há uma saída, uma solução, sim, sempre há uma solução (menos para aqueles malditos cubos mágicos).
Fã não esquece
É muita falta de consideração com os sentimentos alheios, usam e abusam dos personagens durante muitos anos para depois descartá-los, sem medo, pois sabem que não há punição para quem destrói sonhos. São apenas sonhos, ainda não se tornaram reais, não existe lei no mundo que condene um destruidor de coisas irreais. Uma pena, afinal o mundo precisa de pessoas que possam sonhar sem medo. “Se o Alex Kid não dá retorno financeiro, então deixa ele o limbo até que as gerações futuram nem sequer saibam que ele existiu.” Só que fã, não esquece, nunca! Cansados de esperar por sequencias dignas de suas lembranças nostálgicas, cansados de sonhos destruídos e, mais ainda, cansados de serem espectadores do massacre de suas franquias preferidas, eles, os fãs, mudaram de lado. Nascia uma nova era, uma era de games fan-made, jogo feito por fã, ou seja, jogos que são de fã para fã. O amor pela franquia seria o combustível e as consequências são maravilhosas. Temos jogos para todos os gostos, de todos os tipos, para qualquer tipo de fã, sendo que nesse meio há aqueles que se destacam e também há aqueles que envergonham. Mais por falta de habilidade do que de amor. Isso é importante frisar que apesar das limitações de alguns criadores o que está em foco aqui é uma saída alternativa para o comodismo ou mesmo para deixar de lado aquela postura de reclamar dos jogos ruins. Sim, decidir colocar a mão na massa e mostrar como se faz é digno de elogios. Precisa de coragem para tomar uma atitude dessas, precisa de empenho, força de vontade, tudo aquilo que eu e mais um monte de gente não têm. Por isso cada macaco no seu galho. Eu não sou capaz de construir uma pista de carrinho na areia, que dirá um jogo, mas sou bom o suficiente para jogar e apreciar as obras desses corajosos fãs. Fiquei admirado com a qualidade dos remakes de Street of Rage e até mesmo do Golden Axe. Jogos hacks de Sonic trazem aquela velha sensação de frio na barriga, enquanto os atuais embrulham o estomago. Vale a pena fazer uma busca detalhada desses jogos e adicionar a sua lista de jogos que deve jogar. No final desse artigo você encontrará uma pequena lista de jogos feitos por fã, jogos não autorizados, mas que merecem sua atenção.
Remediado Está
Sim, jogos de fãs são uma solução provisória, um band aid, são pontos em um corte profundo que precisa ser estancado. Só isso. Você vai se divertir, tenha certeza, mas o desejo não passará. Sabe aquele suco de Kiwi que, apesar de saboroso, deixa uma sensação esquisita na boca? Esquece o Kiwi. Sabe quando você acorda e quer ficar mais 5 minutos na cama? Esquece. Sabe quando você lê um artigo meu e não consegue parar de ler? Pior ainda. Sabe quando você termina um jogo e fica aquele desejo de continuar jogando? Isso! É esse o ponto! Você terminará o game fanmade, mas não saciará a sua sede, nem mesmo com suco de Kiwi. Não descansará nem mesmo se ficar mais 5 minutos na cama e não adianta ficar lendo todos os meus artigos, pois em você ficará somente uma raiva adormecida. Sabe quando essa raiva acordará? Logo quando você pensar sobre o assunto, logo quando você lembrar de que um fã conseguiu fazer tudo aquilo que você esperava por um jogo, mas a maldita dona dos direitos sobre a sua franquia não consegue sequer fazer algo parecido. Enfurecido você falará horrores, ficará com cara de cachorro que cai da mudança, perdido, tentando parar de justificar sua decepção enquanto sua boca descontrolada não consegue parar de xingar. Normal, muitos já fizeram isso. Mudar seria antinatural, não é você que precisa mudar. Nem a empresa precisava ter mudado. Era só manter, lapidar, melhorar um pouquinho aqui, um pouquinho ali e pronto. Nada de transformar os sapos de Battetoads em cantores de opera num jogo rítmico para tentar seguir as tendências dos games musicais. Nada de trazer o Alex Kidd para aparecer em um jogo genérico do Kinect onde você precisa jogar pedra, papel e tesoura contra o seu herói esquecido. Queremos o básico, o feijão com arroz, mas já que não são capazes, deixem eles descansarem em paz!
Não toquem mais no Sonic antes que seja tarde demais e, aos personagens que se foram, ficam as lembranças e a esperança de que os fãs continuem remediando, continuem suprindo necessidade dessa pequena fatia do mercado de games, que busca reviver momentos inesquecíveis de sua vida, que buscam mais uma dose de nostalgia. Apenas mais uma aventura já seria suficiente. Será mesmo? Não há água que mate essa sede. Pare e olhe pra você.
Lista de Games Fan-made
Streets of Rage Remake
Golden Axe Genesis
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