Satoru Iwata: Húbris versus Cultura Ocidental

Concordo com muita coisa nesse artigo, mas descordo piamente de outra.

É inevitável dizer que o planejamento de Iwata é falho. Seja com o Wii, DS, 3DS ou Wii U: ambos sofreram com a decorrência de jogos seguidos. Uns mais, outros menos, mas sofrerão. O maior problema dele é ser afobado demais, ele quer tanto atingir um oceano azul que acaba por ele ser um oceano vermelho, então a Nintendo fica em um pleno roxo. O presidente tenta lançar a plataforma o mais rápido possível, anunciar de forma o mais breve possível, e tentar satisfazer o mercado o mais breve possível. É uma confusão de aspectos que afeta diretamente no desejo dos jogadores.

Contudo, dizer que Iwata é falho para a Nintendo é como usar uma venda na cara. Ele foi líder dos dois consoles mais importantes da indústria e da empresa: o Wii que revolucionou o mercado com seu sensor de movimento e vendeu mais de 100 milhões; e o DS que se tornou o console mais vendido da história, sendo uma das plataformas que impulsionou o touch-screen e o conceito de duas telas (lembrando que já existia isso desde o Game&Watch a duas telas, mas foi abusado no DS). Foi ele quem deu a virada sensacional no Nintendo 3DS, sendo líder único e se tornando a plataforma com uma das melhores listas de jogos de qualidade. Também é graças a Iwata que a Nintendo está ficando mais próxima dos jogadores com os Nintendo Directs e suas andanças pelo mundo. Aliás, vejo poucos CEOs que aceitam seus erros e pedem desculpas em público (talvez até demais... "please, understand!"), ele não é orgulhoso e se vê algo errado ele vai lá e fala mesmo. Tenho certeza que Yamauchi escolheu a pessoa certa. Ele enxerga seus erros e, mesmo falhando de novo em muitos casos, tenta consertá-los e fazer de tudo para que seja algo bom e faça jus em ser algo Nintendo.

Iwata é um gênio louco: seu maior revés é ser afobado demais e querer fazer tudo ao mesmo tempo. O que falta para Iwata é planejamento melhor, pesquisa de mercado mais sólida e uma coordenação melhor na distribuição de jogos.

Outra coisa que acho importante frizar é sobre os jogos thirds ocidentais e orientais: acho que Iwata poderia incentivar mais desenvolvedores ocidentais criando "EADs" nas divisões da empresa, como a NoA e a NoE. Eles tem seus estúdios de desenvolvimento, mas não são grandes a ponto de ser uma EAD. O incentivo deve começar pelo Iwata e partir, depois, dos desenvolvedores externos. Custear produções ocidentais como ela está fazendo com orientais como Bayonetta 2 e fez em The Wonderful 101 (e a parceria de publicação de Bravely Default) é fundamental para a empresa melhorar seu aspecto. Contudo, eu fala e repito: Iwata precisa de um planejamento melhor. Wii U tem poder suficiente, mas Iwata é quem precisa mostrar esse poder.

E irei repetir uma mesma frase que disse em um artigo: é, Nintendo, você teve um destino terrível, não?

O que concordo é sobre o atraso de jogos, eu nem sabia que no GameCube/Wii isso já tinha acontecido, achei que era algo mais recente com o 3DS. 

Quando comprei meu WiiU em Janeiro do ano passado eu tinha certeza que não teria problemas com isso, pensava comigo mesmo que eles já tinham aprendido com a cagada feita no 3DS e não iriam repetir isso no WiiU, mas eu estava errado, QUASE vendi meu console porque ligava ele muito pouco, mas hoje agradeço por não ter feito isso.

Eu não sei dizer de quem é a culpa dessas coisas na empresa, mas Pikmin sendo lançado quase 1 ano depois do lançamento do console só demonstra um planejamento péssimo com o console. 

Reggie já tinha dito numa entrevista com a Gamespot que Pikmin, Zelda WW e Mario 3D World estavam todos planejados pra serem lançados até março de 2013. Fazendo isso eu tenho certeza que a situação do console seria bem diferente, mas com todos os atrasos não só perderam o momento como sofreram com a concorrência que chegou.

Vendo o histórico de vendas da Nintendo é visível que as pessoas estão cada vez menos dispostas a comprar um console apenas pelos exclusivos da Nintendo, a situação é melhor nos portáteis, principalmente no Japão, mas nos consoles de mesa é complicado. Ou a Nintendo consegue criar um novo Wii onde as pessoas vão comprar o console independente dos jogos oferecidos ou então melhora seu relacionamento com as Third Partys e consegue um melhor apoio delas.

As vezes até penso que a Nintendo deveria focar em apenas um console, mas o ruim disso é que se um dia ela escolher um dos dois é óbvio que vai partir para o portátil e eu particularmente detestaria isso, jogar num console de mesa pra mim é infinitamente superior.